Ayrina Pelegrino
O MPT (Ministério Público do Trabalho) recebe até esta quarta-feira (19/6) inscrições do concurso para 23 vagas de procurador do trabalho nas Procuradorias Regionais do Trabalho e nas Procuradorias nos municípios a elas vinculadas para as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Montes Claros (MG), Porto Alegre, Pelotas (RS), Santo Ângelo (RS), Salvador, Recife, Brasília, Campinas (SP), Cuiabá, Cáceres (MT) e Corumbá (MS).
O concurso é o mais procurado na área trabalhista por conta do salário de R$ 24 mil, a qualidade de vida da profissão, por ser um setor em constante crescimento, e pelo campo de atuação.
O professor Leone Pereira, coordenador da área trabalhista do Damásio Educacional, defende que o concurso chama a atenção por tratar de questões trabalhistas em uma linha mais coletiva, os direitos sociais, como o combate ao trabalho escravo e do menor.
“A busca pela profissão é grande pois o procurador contribui para a melhoria da sociedade de uma forma direta. Além disso, não é uma profissão arriscada, pois não mexe diretamente com o crime”, diz Leone.
“Segundo o Manifesto Comunista (1848) de Marx eEngels sempre existirá o conflito capital/trabalho. “Essa relação é naturalmente conflituosa e a área trabalhista é quem regulamenta tudo isso”, afirma o professor.
Mulheres
O público do concurso é majoritariamente feminino . Das 50 pessoas que frequentam as aulas do período da manhã do cursinho Damásio, 40 são mulheres.
“As mulheres se identificam com a atuação social, é um direito social e humano direito de defender a parte mais fraca que é o trabalhador”, explica.
A prova envolve o estudo de 16 disciplinas e as principais matérias são bem aprofundadas. Pela atuação atuação muito social dos procuradores do trabalho, é cobram muito conteúdo de direitos humanos e fundamentais. Além, é claro, de direito e processo do trabalho.
O que vem desanimando os alunos é o número reduzido de vagas. O que os leva a prestar mais concursos para juiz do trabalho, analista e técnico, já que são 24 TRTs (Tribunais Regionais do Trabalho).
“Quem está passando no concurso está em uma linha de 5 a 7 anos de estudo, pois o concurso mais difícil que juiz do trabalho. Mas a questão não é só estar preparado é aliar isso a abertura do concurso e ao número de vagas”, diz o professor. Para Leone, o ideal seria abrir todo ano 100 ou 200 vagas.
Uma das vantagens do concurso nacional aos regionais é a rapidez com que se chega a trabalhar em uma comarca central, de 3 a 5 anos. “O concurso envolve remoções internas e envolve colocações, mas é rápido comparado com a magistratura estadual, que se leva de 8 a 12 anos para se chegar à capital”, explica o professor.
Inscritos
Segundo o professor Leone, o número de inscritos gira em torno de 7 a 10 mil candidatos. Mas mesmo assim não serão preenchidas são 23 vagas. Das 23 vagas ele acredita que serão aprovados 15 ou 17 candidatos.
“Eu digo que não existem candidatos por vaga, pois dificilmente se completa o número de vagas, pois eles querem um padrão mínimo de excelência até o exame oral. Na área trabalhista deve-se estar disposto a viajar e fazer outros concursos. Abrem vários concursos o ano inteiro pra prestar e com bons salários.”
Atualidades
“Na prova cai muita atualidade e muitas vezes saber atualização é até mais importante que saber o tradicional”, diz Leone, “tem que saber o que está acontecendo na área trabalhista, a banca está bem antenada nas atualizações”.
Dois grandes exemplos são a emenda constitucional dos trabalhadores domésticos e a MP dos Portos que se transformou em lei, a nova lei dos portuários. Também o direito da mulher conquistado em maio, se a mulher ficar grávida no aviso prévio adquire estabilidade.
“A área trabalhista está sempre em movimento, não consigo dar a mesma aula todo ano. Isso torna o direito do trabalho mais interessante, você está sempre estudando e se reciclando.”
FONTE : ultimainstancia.uol.com.br